sábado, 23 de julho de 2011

Atores se empenham na pele de cantores e instrumentistas na TV


No dicionário, música pode ser resumida como a "arte de combinar os sons com intenção estética e expressiva". E é exatamente essa a ideia justificada pela composição de diversos personagens que exploraram dotes musicais na TV. Desde estudos de quase um ano até dormir na casa de uma instrutora para aprender a tocar um instrumento ou soltar melhor a voz, são grandes os esforços feitos por quem é escalado para interpretar um músico. Mesmo quando se trata de alguém que já tem experiência na área.
"Fiz aulas de canto a minha vida inteira e estudo teatro há anos, mas ter uma preparação do grupo junto foi fundamental para a gente entrar nesse trabalho", valoriza Lua Blanco, a charmosa Roberta de Rebelde, que depois de uma bateria de quase dois meses de testes para arrebatar o papel - que foi de Dulce Maria na versão original - ainda passou por mais de dois meses de preparação intensiva. Com direito a oficinas de canto, corpo e interpretação. Até poucas semanas atrás, aliás, os protagonistas de Rebelde ainda faziam oficina de canto com a instrutora Tutti Baê, a mesma que orienta os candidatos do reality Ídolos.
Na pele do idealista Marcio Hayalla em O Astro, Thiago Fragoso também se preparou para as cenas em que seu personagem aparece soprando seu trompete. Mas, ao contrário da banda da novela infantojuvenil da Record, ele não precisa necessariamente tocar o instrumento. Apenas convencer enquanto dubla as músicas que são apresentadas no ar. Uma tarefa favorecida por suas experiências anteriores com música. "Aprendi a tocar tuba nos Estados Unidos, quando morei por lá. Isso me ajuda bastante na hora de gravar", explicou.
Malu Mader também dublava as apresentações da pianista Eva, sua personagem em Eterna Magia. E, coincidentemente, já fazia aulas de piano quando foi convidada para interpretar a vilã da novela de Elizabeth Jhin. "Meu filho estava interessado e gostei do método utilizado, com as notas coladas nas teclas do piano. Mas a própria novela, com sua rotina intensa de gravações, acabou me afastando", lembrou a atriz.
Malu contou com a ajuda da professora de Música Zaida Valentim, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para desempenhar seu papel. A assessoria durou a novela inteira, para a atriz aprender como uma pianista profissional se comportaria em cada parte das músicas que sua personagem tocava nas apresentações. "Fizemos um grande intensivo até a estreia e, depois, mantivemos regularmente nossos encontros, na medida do possível", recordou Zaida, que também treinou Ana Paula Arósio para a minissérie Mad Maria, e Rafael Almeida, quando o rapaz estreou na TV, interpretando o jovem pianista Luciano de Páginas da Vida.
Para Malu, na hora de interpretar um músico amador, pode-se apostar em aulas e se arriscar a tocar em cena. Mas, ao viver um nome de peso nessa área, vale mais a pena mergulhar na emoção. E esse foi o caminho adotado por Jayme Monjardim para dirigir Larissa Maciel, protagonista da minissérie Maysa: Quando Fala o Coração, que retratou a vida da cantora - e mãe do próprio diretor - dos 15 aos 41 anos. "Ele (Jayme) nunca quis uma imitação. A intenção era captar a alma dela", justifica a atriz, que teve o suporte da atriz, cantora e professora de canto Germana Guilhermme.
A voz de Maysa, na maior parte de canções, foi inserida nas cenas de Larissa. Mesmo assim, a atriz gravou tudo cantando com sua própria voz. "Quando você canta, faz uma pressão da laringe nas cordas, existe uma contração física visível. Se ela não cantasse, ficaria artificial", argumentou Germana. Para isso, ambas tiveram encontros regulares durante os oito meses que Larissa passou se preparando para a minissérie, além da consultoria prestada por Germana nas sequências musicais. "A Maysa foi retratada em vários momentos. No começo, aos 15 anos, tinha uma voz mais levinha. Com o passar dos anos, passou a fumar e beber muito, a voz desceu para o peito e ganhou um ar cansado", exemplificou a professora.
Mas duas canções da série foram gravadas por outra cantora. Como os originais de Tarde Triste e Adeus não puderam ser aproveitados, Jayme Monjardim testou algumas mulheres e escolheu Clarisse Grova, da escola Oficina da Voz, no Rio de Janeiro. "Tarde Triste, inclusive, foi meu teste. Não precisei regravar. Meu timbre não é como o da Maysa, mas o Monjardim estava buscando um clima parecido com o da mãe", diz Clarisse.
Dentro da história
A participação de Zaida Valentim em suas preparações de atores foi tão intensa que a pianista chegou a ser contratada como atriz em dois de seus trabalhos. Primeiro, em "Páginas da Vida", quando encarnou uma das freiras do convento da novela de Manoel Carlos. "Fiquei até o fim. Eu tocava e a Selma Reis cantava. Estou até no último capítulo, no casamento da Thelma, personagem de Grazi Massafera", conta.
Zaida também integrou o elenco de Eterna Magia. Desta vez, na pele de uma professora de música. Além disso, participou da direção de algumas cenas da trama. A preocupação principal era tornar o mais verossímil possível as sequências de Malu dedilhando o piano. "Eu ajudava na hora de estabelecer até onde seria mostrado do corpo dela e onde entrariam as imagens gravadas com a dublê Sylvia Thereza", explica.
Instantâneas
# A primeira apresentação oficial do grupo Rebeldes, formado pelos protagonistas da novela Rebelde, aconteceu no dia 14 de julho, em São Paulo, durante a final do programa Ídolos.
# Quando estava se preparando para interpretar o pianista Luciano de "Páginas da Vida", Rafael Almeida chegou a dormir nos finais de semana na casa de Zaida Valentim. "Ele era novinho, tinha só 17 anos e ficava perigoso voltar para casa. Dormia em um colchonete embaixo do piano", diz ela.
# Mariana Ximenes precisou fazer acupuntura para soltar articulações das mãos enquanto se preparava para interpretar a violoncelista Bel de Cobras & Lagartos.
# Daniel Boaventura, que além de ator é também cantor, aproveitou seus dotes vocais enquanto gravava Cama de Gato e Passione. Nesta última novela, chegou a lançar um álbum com canções em italiano.

Um comentário:

  1. en passant ... A pianista e duble Sylvia Thereza tocou em Curitiba e arrancou lagrimas e aplausos efusivos da plateia. Foi em outubro. Magnifico!

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